Cartas para ela, part.3 (final)

“Olá.
Quanto tempo não é mesmo? 
Tive imensas saudades de te escrever, mas tive que parar, apesar de ter sido libertador escrever-te no princípio, depois tornou-se um pouco angustiante, pois lembrava-me de tudo e doía como se fosse o primeiro dia, mas como já disse outras vezes, carrego-te nos meus pensamentos sempre, até mesmo quando evito lembrar de ti.
Aconteceu tanto por aqui, por onde começo? Se calhar pela parte em que por momentos pensei que tivesses voltado para mim, sentia-me feliz e no meio de tantos problemas saber que estavas ali (mais uma vez) e dessa vez esperada confortava-me e fazia-me sentir menos culpa... mas tu foste embora, foi castigo pelo que te fiz? Não entendo e tão cedo não vou entender, mais uma vez tive de lidar com a perda, dessa vez de maneira bem mais dolorosa, o meu coração ficou ali, mas estou aqui, firme e a tentar não deixar que isso me derrube, não é fácil, mas estou aqui!
Prometi que não te ia escrever mais, para poder me desvencilhar de certos pensamentos negativos que foram me consumindo desde então, mas hoje não é um dia comum, faz hoje um ano de um dos piores dias da minha vida, da pior experiência que eu já vivi, faz hoje um ano que sinto o coração pesado, que carrego comigo uma culpa enorme por ter tomado aquela decisão, um ano de muito arrependimento.
Já nem sei pedir-te desculpas sem ficar com os olhos cheios de lágrimas, achei que pensar em ti já não me surtiria esse efeito, enganei-me.
Ah, se eu pudesse voltar atrás, filha...
Tenho muito a dizer ainda, mas as minhas emoções não me permitem por para fora tudo o que gostaria que soubesses, vou estar à tua espera e espero que me possas perdoar por tudo quando me voltares a escolher.

Mãe.”



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