Violência Doméstica.

Sempre tive a personalidade muito forte, e muita pouca gente sabia lidar com isso.
Presenciei muitas cenas de violência doméstica na rua, na vizinhança, e odiava aquilo tudo. Cheguei ao extremo quando o pai da minha irmã mais nova quis agredir a minha mãe, chegando ao ponto de pegar numa pedra para partir os vidros do carro com a miúda lá dentro, e ela só tinha meses.
Ver a minha mãe completamente sem acção, deixou-me num estado de fúria que até hoje eu não sei explicar, saí do carro sem pensar duas vezes e pus-me no meio dos dois, gritei, disparatei, fiz tudo o que estava ao meu alcance para tirar a minha mãe daquela situação pavorosa, e consegui.
Depois disso falei com a minha família sobre o episódio e dizia de boca cheia que nunca permitiria que homem algum me levantasse a mão, mas o peixe morre pela boca...
Num belo dia estava com o meu namorado, e o que parecia ser uma conversa calma transformou-se numa discussão horrível, e ele bateu-me.
Toda aquela boca de que "o homem que me tocar" x e y desapareceu, fiquei sem forças, sem acção e a única coisa que consegui fazer no momento foi chorar, as coisas acalmaram-se, ele pediu desculpas pela atitude que teve, eu voltei para casa e me calei. Que erro!
Eu pensei durante dias, mal falava com ele, estava completamente chateada com toda essa situação, mas mesmo chateada fui estúpida o suficiente para esconder isso da minha família, logo eles que também sempre reprovaram esse tipo de comportamentos vão perder a consideração que têm por ele, pensei. Que erro!
Depois de alguns meses, esse dia horrível tinha caído em esquecimento, e nunca mais tal coisa voltou acontecer.
Mas lembrem-se quem bate uma vez, por mais que tente se controlar acaba sempre por bater a segunda, terceira e por aí vai, se não conseguirmos por um travão nisso.
E foi o que aconteceu, houve uma segunda e uma terceira vez... triste né? 
É horrível viver isso, e não importa que sejas irritante, explosiva,e reclames de tudo, nada disso justifica o facto de um simples namorado levantar-te a mão, ainda que seja a brincar.
Eu acreditava MUITO nas pessoas, talvez esse fosse o meu grande defeito, achar que todo mundo merecia sempre mais uma chance para se redimir, e talvez seja por isso que desculpei tantas vezes e acabei por passar por isso.
Julgaram- me tanto, mas só entende quem passa por isso, e por mais que falem que nunca isso ou aquilo, na hora em que apanhas uma bofetada perdes completamente a noção das coisas, descontrola mesmo, não há durona que não perca a firmeza, é horrível!
Não desejo isso a ninguém, porque eu senti na pele o que é viver a violência doméstica, sendo tão jovem.
Se estiverem a passar por isso procurem ajuda! 
O que hoje é apenas um tabefe, amanhã podem ser facadas, tiros ou agressões ainda piores.

Não cometam o mesmo erro que eu... ele está bem, com uma nova vítima a desfilar pelas ruas, e eu ? Em baixo da terra a lamentar do silêncio que eu mesma preferi escolher.

Comentários

  1. Realmente desde o primeiro indício de agressão devemos por um fim de alguma forma... No meu caso tive alguém que me fez pensar que eu fosse uma pessoa agressiva porque ela excitava isso + graças a Deus consegue me controlar.

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